Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua... — unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... — abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
(José Régio)
2 comentários:
Intenso este soneto ao amor... Mas muito bonito também... Boa escolha!
Beijinhos
Há coisas que só a poesia consegue descrever claramente. Mas só alguns poetas são verdadeiramente abençoados com estes dons. Em Portugal temos tido muitos, somos privilegiados. Belíssimo poema, excelente escolha!
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