Retrato Ardente
Entre os teus lábios
é que a loucura acode
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.
Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"
5 comentários:
Está muito expressivo! Gostei muito :D
Beijinhos
Gostei muito! E o poema que escolheste para acompanhar encaixa lindamente...
Excelente! Parabéns.
Obrigada a todos. Agora só falta pendurar.
Muito gira.
Foste tu que fizeste?
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