"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples; você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade." Mário Quintana
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Avizinham-se estas coisas
Espero três dias calmantes, relaxantes, de muito gozo, de chás quentes e aromatizados, de chocolatinhos, de pés quentinhos nuns chinelos fantásticos, de passeio, de um sol de Inverno na cara, de ruas animadas pela quadra de Natal, de teatro excelente, de muitos beijos e mimos, de cores e luzes encantadoras, de ambientes mágicos, de surpresas...
Um pouco de tempo só para nós. Que saudades...
"A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequenina a um canto do coração."
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5 comentários:
A fábula das borboletas
O pequeno Rodrigo, olhos azuis como o céu, olhava extasiado para a pequena borboleta branca que lhe pousara sobre a mão.
- Olá, Rodrigo...
Muito tempo antes, o Rodrigo apercebera-se, da pior forma possível, que não era uma criança igual a todas as outras. Médico após médico, especialistas em cadeia, todos lhe auguraram um destino sombrio – o Rodrigo não suportava a luz, o sol, o ar mais forte do verão.
Apesar de todos os tratamentos para lhe suavizar a enfermidade, o Rodrigo confinara-se ao seu próprio casulo, à velha casa da aldeia – de paredes grossas, caiada de branco, com um grande pátio de arcadas no interior – onde ele tanto gostava de correr, saltar, subir aos ramos mais altos da velha oliveira ou até assustar os peixes vermelhos do pequeno lago.
Os pais, na ânsia de lhe suavizar a prisão, taparam parcialmente o grande pátio, criando zonas de sombra onde o pequeno Rodrigo pudesse brincar, ler os seus livros da escola ou até brincar com os amigos, quando estes o visitavam.
Rodrigo, o branquinho – como gostavam de lhe chamar.
- Gostava de ter pássaros no quintal – pedira ele à mãe certo dia. – Achas que poderemos arranjar alguns, mãe? Por favor? Seria divertido, tenho a certeza...
A mãe não lhe conseguia dizer não.
- Oh, Rodrigo.... claro que podemos... mas olha lá, tu já tens pássaros no quintal... eu vejo sempre por ali bandos de pardais, libelinhas.... até borboletas... para que queres tu mais pássaros?
- Oh, mãe... então tu não vês? É que esses não são meus, esses vão e vêem quando lhes apetece, nunca sei quando eles ali estarão...
A mãe sorriu, divertida.
- Nisso tens razão, Rodrigo... os pardais e as borboletas creio que nem resistiriam... se os prendesses numa gaiola. Mas olha... porque não tentas tu atraí-los para o jardim?
Os olhos do pequeno Rodrigo brilharam.
- Atraí-los para o jardim? Como posso eu fazer isso?
- Oh, Rodrigo.... mas isso é muito fácil... só tens que cuidar do jardim, torná-lo bonito, apetitoso, cheio de flores e sementes... e assim, tenho a certeza, todos os pássaros das redondezas quererão vir aqui fazer o seu ninho...
- Oh, mãe... achas... achas mesmo que aconteceria? Eles viriam?
- Claro que viriam... ah, a propósito... também não te podes esquecer da água... sempre água limpa e fresca para eles saciarem a sede.
E assim de repente, o pequeno Rodrigo descobrira uma ocupação para os seus dias habitualmente monótonos, refugiado na penumbra do quarto, diante da televisão ou do computador.
Dia após dia, esmerou-se no cuidar dos canteiros, na limpeza dos musgos, no aparar da relva, até colocando pequenas latas cheias de água espalhadas ao longo das paredes, nas zonas mais frescas.
E como ficou deliciado, quando certa manhã ao sair para o jardim, descobriu um mar de borboletas brancas a dançar graciosamente sobre o canteiro das campainhas lilazes.
(continua...)
E depois... vieram as andorinhas.
E os pardais.
Um cuco.
E uma vez por outra, um rouxinol tímido e inquieto, que fugia mal ele abria a janela.
- Olá, Rodrigo – repetia a voz, baixinho.
O pequeno olhou para a borboleta branca que lhe pousara na mão, sem querer acreditar.
- Quem... falou? Quem me está a chamar?
A borboleta abanou as asas ao de leve, como se lhe estivesse a pedir atenção.
- Fui eu... eu mesma, pousada aqui sobre a tua mão... só te queria agradecer...
- Agradecer? – e o pobre Rodrigo mal conseguia soletrar as palavras, de maravilhado que estava – mas tu falas? Como é possível que tu fales?
- Oh, Rodrigo... claro que eu falo, claro que todas nós falamos... mas nem sempre vocês nos ouvem... mas sabes... eu vim mesmo agradecer-te...
- Mas porquê? Que fiz eu para que me queiras agradecer?
- Fizeste este jardim, Rodrigo... – e abanou novamente as asas – e sem o saberes, ajudaste-nos a todas nós... pequenas borboletas brancas... que nem conseguimos suportar a luz do sol...
- Vocês... vocês são como eu?
- ... e graças ao teu jardim, cheio de flores, sementes, água e sombra, muitas sombras... aqui podemos descansar todos os dias, em paz... por isso te quis agradecer... sem o teu jardim... nada disto teria sido possível.
E soltou-se dos dedos, volteando graciosamente no ar.
O pequeno Rodrigo, ainda de boca aberta, ficou a vê-la afastar-se.
Tão embriagado de felicidade estava... que nem se apercebeu da chegada da mãe.
- Rodrigo.... meu filho, não te descuides com as horas.... olha que o sol está quase a despontar...
Ele voltou-se para a mãe, o rosto radiante de felicidade.
- Mãe, mãe.... nem vais acreditar no que acabou de acontecer, agora mesmo... nem vais acreditar...
Aproveita ao máximo esses dias! :)
Beijinhos
Adorei a definição de "saudade".
É tão meiga e tão quente, mesmo com sabor a Natal.
Um abraço
Licas
Que saudades de um tempo em que o Natal era uma altura mágica.
beijinhos com raios de sol
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