quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Soneto ao amor - José Régio


Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.


Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.


E em duas bocas uma língua... — unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... — abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

(José Régio)

2 comentários:

P.B. disse...

Intenso este soneto ao amor... Mas muito bonito também... Boa escolha!

Beijinhos

laura disse...

Há coisas que só a poesia consegue descrever claramente. Mas só alguns poetas são verdadeiramente abençoados com estes dons. Em Portugal temos tido muitos, somos privilegiados. Belíssimo poema, excelente escolha!